quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A BELA D'ERMESINDE

 

A BELA D'ERMESINDE

 





S. LOURENÇO




 
 
 
LENDA DE S.LOURENÇO E DE S. VICENTE
 
       Esta lenda, dada à estampa por Humberto Beça na monografia sobre Ermesinde, confirma S. Lourenço como Padroeiro do primitivo lugar de Asmes. No texto, são bem evidentes os vínculos existentes entre Ermesinde e Alfena. Diz-se que S. Vicente e S. Lourenço eram irmãos mas, na verdade não eram. De resto, Humberto Beça coloca uma interrogação quando se refere ao grau de parentesco dos dois santos.
     Mantendo á ortografia e o léxico da época em que foi publicado, aqui reproduzo a dita lenda, tal como foi escrita:
     «S. Lourenço era irmão de S. Vicente (?) aquele orago em Ermezinde, este em Alfena.
     Num dia de grande cheia no Leça os dois santos, já então venerados como taes pela suas extraordinárias virtudes, dirigiam-se a Alfena sempre seguidos dos seus fieis, ansiosos de lhes ouvirem a palavra fluente e divina. No lugar das Cavadas havia uma pequena ponte, ou sobre o Leça próximo à confluência com o ribeirinho que hoje se chama Asmes ou mesmo sobre este. A ponte era impetuosamente varrida pelas aguas revoltas da cheia que a submergiam a certa profundidade.
     A passagem era difícil e perigosa; o povo temia pela vida dos dois santos, mas S. Vicente não querendo privar as suas ovelhas da sua direcção espiritual ficando do lado de cá, decidiu-se a passar, atravessando assim mesmo a ponte coberta de agua e debaixo de uma impetuosa corrente.
    No momento da despedida, S. Lourenço disse a S. Vicente:
«Vae Vicente para o teu Alfena, que eu cá fico no meu Asmes.»   


 
 
SÃO LOURENÇO DOUTOR DA IGREJA
 
    «Seminarista Franciscano, teve como professor D. Pedro Rossi, Reitor do Seminário de Verona. Tornou-se no seu tempo Padre Capuchinho, sendo chamado de Padre Lourenço de Berbamo a partir de 8 de Fevereiro de 1575. Frei Lourenço é nomeado responsável em Verona; entretanto formou-se em Filosofia e Teologia, chegando a ser professor na Universidade de Pádua.
     Em 21 de Setembro de 1577 torna-se consultor das ordens menores. Em 23 de Setembro de 1581, tem por missão preparar os sub diáconos e em Dezembro os diáconos. S. Lourenço revelou-se um grande pregador do Cristianismo; os seus sermões ficaram registados mundialmente em Roma, Ferrara, Pádua, Veneza, Verona, Mantua, em Lisboa, Alemanha e Espanha. O Papa Gregório Teravian tornou-o membro apostólico pregador entre 1584 e 1587.
     O Papa Clemente Atth Vian passou a nomeá-lo seu assessor entre 1592-1594, mais tarde 1596-1598, é nomeado Definitor Geral de Roma. Em 1587, é nomeado professor do Convento de La Guideca.
     Até 1599, torna-se um respeitado missionário, seguindo-se a ordenação como Capelão Geral da Confraria Franciscana, e em 1602, é nomeado pelo Papa Paulo Parchvian, Embaixador em Raibari, e responsável pela Liga Católica.
    Esta é uma pequena história da vida do homem que se tornou Santo e Padroeiro da Cidade de Ermesinde, contando com milhares de devotos»
      
     Este texto, escrito por Eduardo Fernandes, sob o título: “S. Lourenço, doutor da igreja”, foi publicado em “Noticias d’Ermesinde” no dia 30 de Julho de 2001. No entanto, tenho dúvidas se este S. Lourenço que nos fala Eduardo Fernandes, seja o mesmo S. Lourenço que morreu queimado numa grelha e é padroeiro da asma e patrono dos cozinheiros. Isto porque:
    São Lourenço de Bergamo foi Padre em 1575, não pode ser o mesmo que já em 1258 D. Afonso III, refere como nome de S. Lourenço de Asmes nas inquirições feitas na mesma época, comprovando a propriedade destas terras e o seu nome, o que fazem crer que estas terras tenham quase a mesma idade da nacionalidade.
    Depois de pesquisas feitas, no sentido de esclarecer a verdade, penso que “este” São Lourenço tem muito mais a ver com o Santo de Ermesinde, reparem na sua história:
 
    «São Lourenço foi um mártir católico, do século III d.C. e um dos sete primeiros diáconos (guardião do tesouro da Igreja) da Igreja Cristã sedeada em Roma.
    Durante a perseguição dos cristãos levada a cabo por romanos pagãos., o imperador romano Valeriano (253-260), também um pagão, mandou matar o Papa Sisto II e ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados os 3 dias, S. Lourenço, naquela altura diácono da Igreja, apresentou-se diante do imperador, levando consigo os fieis, os pobres, os doentes, as crianças, todas as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e exclamando a seguinte frase que lhe valeu a morte: “Estes são o património (riqueza) da Igreja!”.
    O imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo e depois de espancado com pedaços de chumbo, foi preso a uma grelha e queimado vivo sobre um braseiro ardente. Tornou-se um mártir e considerado um servo fiel da Igreja. Está sepultado na catacumba de Santa Ciríaca em Campo Verano.
    Nas imagens, São Lourenço é apresentado com uma grelha e uma bíblia nas suas mãos e é comemorado no dia 10 de Agosto.
    Campo Verano, fica ao lado do maior cemitério de Roma, local onde no ano de 330 d.C., o imperador Constantino mandou erguer uma basílica. Nada se pode identificar hoje dessa construção. A basílica actual, Igreja de São Lourenço, foi mandada construir pelo Papa Pelágio II cujo pontificado decorreu de 579 a 590, sobre a sepultura do santo. Esta serviu depois como coro de uma nova igreja, construída no século XIII sob o pontificado do Papa Honório III (1216-1227), que mandou remover a velha abside e acrescentou uma nave com pórtico. Nas paredes ainda se vêem partes dos frescos que mostram cenas da vida de São Lourenço.
    Durante a II Guerra Mundial, esta igreja foi o único monumento de Roma gravemente atingido, sendo depois reconstruída em 1949.»

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