quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A BELA D'ERMESINDE

 

A BELA D'ERMESINDE

 





CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS
 
 


UMA RELÍQUIA DE VILAR DE MATOS
 
           
   A Capela do Senhor dos Aflitos em Vilar de Matos, com traseiras para a estrada para Santo Tirso, impressiona pela sua simplicidade.        
   De arquitectura simples, mas de aspecto agradável a Capela do Senhor dos Aflitos é um símbolo da fé e motivo de orgulho dos habitantes do Lugar de Vilar de Matos, aldeia onde foi construída em 1756.
  Há cerca de 60 anos, sofreu obras de ampliação com o objectivo de ter capacidade para poder receber os fiéis que ao procurarem participar, com regularidade, nas missas dominicais, não o faziam por falta de espaço.
   São desse tempo a construção da Sacristia, as janelas rasgadas nas paredes laterais, os azulejos exteriores e o novo telhado colocado no templo. 
   Só pouco antes do Padre Luís se resignar, por limite de idade, deixou de aí se celebrar a Santa Missa e outras cerimónias litúrgicas.Em tempos idos, há mais de trinta décadas, deixaram também de se fazer as grandes festas em honra do Senhor dos Aflitos, que traziam ao lugar grande número de romeiros.
 
 
 
CRUZEIRO DOS CENTENÁRIOS
 
     O “Cruzeiro” é uma Cruz grande, normalmente em pedra, que testemunha a fé de quem o ergue e de quem o respeita por lhe reconhecer uma certa marca de sacralidade local. Existem ainda alguns muito simples, como o da Rua Miguel Bombarda, junto à Rua do Calvário e outro muito próximo, dentro dum terreno, junto à linha do Minho.
 
   Situado no largo ajardinado que junta a Rua Dr. João Rangel com a Rua Rodrigues de Freitas, este Cruzeiro é um dos mais bonitos da cidade. 
      Assente numa base redonda, de dois degraus circulares sobrepostos, nasce em pedestal de forma paralelepipedal de cujas faces se salientam os símbolos da vitória no tempo da Reconquista — altura em que se fundou Portugal como Reino Independente — donde se ergue uma elegante coluna torsa, de gosto neo-manuelino, ao cimo da qual um cubo de granito, ostenta os símbolos nacionais da vitoria e do prestigio português nas suas faces exteriores (a cruz, a espada, a esfera armilar e as quinas), e serve d suporte a uma Cruz de Cristo. 
  Foi construído no âmbito das Comemorações dos Centenários (1140 — Fundação de Portugal; 1640 — Restauração da Independência), e o seu nome, na altura da edificação (1940), foi: “Padrão Comemorativo do Amplo Centenário de Portugal”.
    Foi inaugurado no dia 1 de Dezembro de 1940.
  Na noite de 12 para 13 de Dezembro alguém derrubou a Cruz, deste monumento mandado erigir pela Junta. Foi apresentada uma queixa as autoridades. O caso passou pelos jornais diários, designadamente por “O Primeiro de Janeiro”, mas passado algum tempo, lá foi reconstruída Cruz que ficou até hoje.
 
O CRUZEIRO DA IGREJA
 
    O Cruzeiro da Igreja foi construído junto à antiga Igreja de Ermesinde, aquando da comemoração dos Centenários, conforme se pode ver nua pequena lapide, que se encontra na base do monumento.
    Trata-se, muito provavelmente, da reacção da Igreja ao Padrão dos Centenários (que falei atrás), mandado erigir pelo executivo da Junta da Freguesia, e que tanta polémica trouxe com o meio católico local.
    Assente em quatro degraus sobrepostos, construídos em pirâmide, surge um cubo de granito, com motivos vegetais nas quatro faces exteriores, donde nasce uma coluna na compósita de fuste canelado. Sobre um capitel de gosto coríntio, surge uma esfera em pedra que representa a Terra, e sobre ela uma Cruz. De realçar que este Cruzeiro, manifesta um gosto claramente barroco, que se harmonizava com a antiga Igreja de Ermesinde.
 
 
CRUZEIRO DE S.SILVESTRE
       
   Este elegante Cruzeiro que se encontra nas mediações da Capela de S. Silvestre, terá sido construído no mesmo tempo da Capela. Prevê-se que fazia parte do adro cortado entre 1892 e 1909, por causa da construção da Rua 5 de Outubro. Tornou a mudar de sítio em 1997 (para o lugar onde está actualmente), quando se procedeu ao arranjo urbanístico do largo, onde outrora existiu a Casa da Camila. Como sofreu ao longo dos séculos obras de remodelação, que o descaracterizaram, é difícil hoje localiza-lo no tempo. É bastante simples, edificado sobre três degraus em quadrado, é constituído por uma coluna de granito, terminada por um capitel jónico sobre o qual se ergue uma Cruz.

NICHOS E ALMINHAS
 
    Estes pequenos e singelos monumentos erguidos ao longo dos tempos, pela devoção religiosa de sucessivas gerações, são peças de elevado valor, do cada vez mais escasso, património local.
    O Padre Francisco Babo, professor muitos anos no Colégio de Ermesinde, era um defensor fervoroso desses padrões de fé, remodelando uns e construindo outros, mantendo, enquanto vivo, essa tradição bem portuguesa, piedosa e cristã, de evocar através dessas preciosidades, a devoção às Almas e aos Mortos.
    A nossa cidade tem, ainda espalhados, pela sua área geográfica, alguns desses belos exemplares erguidos em memória dos mortos, mas outros, também ricos e dignos de apreço, já desapareceram, sem que se saiba do seu paradeiro.
    É pena, porque são sinal de culto e religiosidade populares e dão aos locais onde se encontram um ambiente de paz e de serenidade, tónicos ambientais que andam um tanto arredios da sociedade dos nossos dias.
    Nos últimos anos, testemunhamos o extermínio de duas dessas preciosidades que existiam, no lugar da Formiga.Uma dessas Alminhas (erguidas em 1839 e restauradas em 1957) embutidas no muro da cerca, ao fundo da Quinta do Colégio, à entrada da Rua Padre Américo, outra próxima do cruzamento da Santa Rita.
     Mas um dos mais belos nichos de Ermesinde (construído em 1841 e restaurado em 1956), encontra-se situado na Rua Elias Garcia, à Cancela.
 

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