quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A BELA D'ERMESINDE

 

A BELA D'ERMESINDE




 

S. LOURENÇO DE ASMES






S. LOURENÇO DE ASMES NA MAIA
 
       
Continuando a citar os mesmos autores, lê-se neste capítulo o seguinte:
 
   «Durante a idade média, a aldeia de Asmes foi-se tornando maior, as casas agrícolas multiplicavam-se, tanto aqui como nos restantes núcleos agrícolas em redor das margens do Leça e dos seus afluentes.
   No princípio da idade Moderna, as características da povoação rural mantinham-se. Conforme se pode ver pelos foros (rendas) que pagavam os residentes, a maior parte das terras pertencia então ao Mosteiro de Santo Tirso.
   Da carta de Foral (Uma carta de Foral era um documento particularmente importante para uma terra e para os seus habitantes porque. Para além de em muitos casos criar um concelho, continha as normas que disciplinavam as relações dos seus povoadores, entre si, e com a entidade outorgante, fixando as rendas e foros a pagar pelo povo), dada por D. Manuel à Maia (a que pertencia a paróquia de S. Lourenço de Asmes), em 1519, transcreveram os foros e tributos pagos pelos casais aqui residentes. Este documento encontra-se na Torre do Tombo e a sua cópia foi conseguida, na década de 1980, graças a um subsídio concedido pela Junta de Freguesia de Ermesinde e, cedida para publicação em A Voz de Ermesinde (nº 337, de 12.7.1988, p. 59), pelo então Coordenador dos Serviços Municipais de Cultura, o nosso amigo Dr. Jacinto Soares».
 
 
 
 
 
 
INTEGRAÇÃO DE S. LOURENÇO DE ASMES
NO NOVO CONCELHO DE VALONGO
 
    Sobre esta integração no novo concelho de Valongo, ainda pelos mesmos autores, lê-se:
 
    «As guerras civis terminaram com o triunfo de D. Pedro e dos Liberais. Em 1836, pouco tempo após a derrota de D. Miguel e dos Absolutistas, foi criado o Concelho de Valongo, como justa homenagem e gratidão ao povo valonguense que terá ajudado os liberais nesta contenda fratricida, como manifesta a própria Rainha D. Maria II que, ao promover Valongo a concelho, refere expressamente que esta terra lhe merece gloriosa recordação por ter sido dai que D. Pedro IV, seu pai, dirigiu a vitoriosa Batalha da Ponte Ferreira. A esta Batalha se referiu um dos autores desta publicação, num artigo (não assinado) que foi publicado, pela primeira vez, no “Boletim Municipal” de Janeiro de 1985 e, mais tarde em “A Voz de Ermesinde”».
    Como de pode ver, os combates nas lutas liberais travados nesta região, foram de grande importância para a causa liberal, mas também para os próprios lugares. Valongo pela justa criação do seu concelho e Ermesinde que mais tarde lhe veio a pertencer como freguesia, assim como, pelas páginas (embora tristes pelo número de mortes provocadas) que escreveu para história com os combates da Formiga.
 
 
 
AS LUTAS LIBERAIS NO CONCELHO DE VALONGO
              
“OS COMBATES DA FORMIGA”
     
 
   A Coluna do exército liberal que seguia pelo caminho da Formiga, era comandada pelo Coronel Hodges. Logo pela manhã, o Coronel Silva Fonseca já em Rio Tinto, perante o itinerário mais acidentado da serra e, muito provavelmente, por ter divisado maior número de inimigos à sua esquerda, ordenou que algumas forças seguissem pela estrada de Baguim do Monte, e fossem reforçar as tropas de Hodges.
    Mal estes soldados atingiram as primeiras colinas mais pronunciadas da Serra, talvez na área hoje ocupada pelos terrenos do Seminário do Bom Pastor (Formiga), na encosta do lado oposto ao edifício do Convento da Mão Poderosa, logo os absolutistas, em posição mais elevada do terreno e ocupando por isso, as melhoras posições de combate, começaram a disparar, obrigando a entrar também na luta as forças do Coronel Hodges, ao mesmo tempo que reforçavam com infantaria o seu ataque.
    Segundo Domingos Oliveira Silva (O Convento da Mão Poderosa), p.102), o flanco direito das forças de D. Miguel passa logo «a combater, numa frente que devia abranger a linha das alturas, actualmente ocupada pela estrada que liga o Colégio de Ermesinde [instalado preciosamente no antigo edifício do Convento da Mão Poderosa] ao entroncamento do alto de Valongo».
    Transcrevendo a Crónica Constitucional do Porto, o mesmo autor continua a descrever a batalha «o combate assim começado tornou-se então geral entre o centro e esquerda da nossa linha (liberais), e a direita e o centro da do inimigo (absolutistas). No prosseguimento das lutas, o centro principal das operações deslocou-se para o lado oposto do convento, embora no prolongamento da mesma linha: Assim, o inimigo, forçado em flanco sobre a sua direita, e atacando vigorosamente pelo centro, foi desalojando sucessivamente dos bosques e ondulações do terreno, que porfiadamente defendia; e tendo perdido afinal a esperança de resistir por aquele lado lançou-se todo sobre a esquerda» (idem, p.103).
    Segundo se sabe, o combate prolongou-se ao longo de 7 horas e, sem uma vitória clara e definitivamente de qualquer das partes, a verdade é que provocou grande de mortos e de feridos nos dois lados.
            
 
 
A BATALHA DA PONTE FERREIRA
(Freguesia de Campo)
 
     As outras forças liberais, que passaram ao lado dos combates travados na Formiga, progrediram cautelosamente, ainda no principio da manhã de 23 de Julho, até descobrirem as posições inimigas que se encontravam para lá do rio Ferreira, desde a região de Balselhas, onde estava acantonado o flanco direito do exercito miguelista, até aos pontos mais elevados da Serra do Raio, esquerda das mesmas forças, excelentemente posicionadas e armadas para mais facilmente poderem repelir o ataque dos liberais. Nem D. Pedro nem os seus oficiais desconheciam a superioridade numérica do exercito inimigo que, além do mais, escolhera atempadamente as posições dominantes que ocupava, mas a bravura dos seus homens não lhe permitiu qualquer hesitação, nem a causa pedia outra atitude se não a de ordenar o combate que se impunha. E assim, a coluna liberal que tinha progredido pelo centro, tomava posições ofensivas no Monte Calvário (S. Martinho do Campo), iniciando pelas 11 horas do dia 23 de Julho de 1832. o ansioso e vingativo tiroteio sobre os realistas que guardavam a Ponte Ferreira, cobrindo em subcutâneo o movimento da força da esquerda que, situada em Balselhas, se preparava para atacar violentamente a direita do exercito miguelista. Duas companhias de Infantaria 18, comandadas pelo Major Francisco Miranda, o Batalhão Francês sob o comando do Major Chichiri e o Batalhão Inglês do Major Shaw passaram a vau o Ferreira e fizeram recuar o flanco direito do inimigo.
    Viu-se então Santa Marta obrigado a reforçar aquela ala do seu exército, que não conseguiu aguentar a pressão das baionetas liberais, com a transferência de homens do seu flanco esquerdo que obrigaram por sua vez, os constitucionalistas a atravessar de novo o rio, acabando por ser atraídos a uma emboscada que lhes fora preparada por um esquadrão da Cavalaria de Chaves, fiel a D. Miguel. Muitas mortes então aconteceram quer do lado Pedrista, quer do lado Miguelistas. Também no centro, a violência do combate se mostrava trágica pelos cadáveres liberais e absolutistas que se empilhavam na ponte que ninguém lograra passar completamente. Antes, porem, quando os liberais já se lamentavam da derrota, o Tenente Manuel Tomás dos Santos vendo, do lado inimigo, uma coluna miguelista em movimento resolveu apontar a sua peça de artilharia que, com êxito, disparou pondo o inimigo em fuga. Lavou a honra dos liberais porque os absolutistas recuaram em direcção a Baltar, enquanto os Pedristas permaneceram nas suas posições.
     Mas de pouco valeu aos liberais o sabor da vitória porque iriam viver ainda largos e penosos meses de fome, doença e morte antes que soasse o desejado grito da vitória decisiva que, finalmente, havia de libertar o País do jugo da usurpadora monarquia absolutista.
   
 
 N/A: O cerco do Porto durou aproximadamente um ano, de Julho de 1832 a Agosto de 1833, no qual as tropas liberais de D. Pedro, estiveram sitiadas pelas forças fieis a D. Miguel.
     Depois da morte do Rei D. Pedro IV, que ocorreu no palácio de Queluz em 24 de Setembro de 1834, foi a Imperatriz D. Amélia de Beauharnais por decisão testamentária, que a 5 de Fevereiro de 1835, chegou á barra do Douro com o real legado, que foi transladado para a igreja da Lapa. O cofre com a urna de prata é aberta de 4 em 4 anos por funcionários da câmara, para que se proceda à mudança do líquido da jarra de cristal onde o coração se encontra inserido.Nesta urna de prata, encontram-se gravadas duas inscrições, a primeira em latim e a segunda em português, s qual passo a transcrever:
    “ D. Pedro, Duque de Bragança, fundador da liberdade pública, seu doador e vingador havendo, por impulso da Divindade e com a sua grandeza de alma, aportado às praias do Porto e tendo ali, com o seu exército e pela grande e quase incrível ajuda que lhe prestaram os Portuenses, vingando ao mesmo tempo e com justas armas, a Portugal, tanto do tirano que o oprimia como de toda a sua facção, elegendo o Duque, por isto mesmo e ainda em vida, aquele lugar onde tão magnanimamente expôs a própria vida pela Pátria, para nela depois da morte descansar o seu Coração. Amélia Augusta, amantíssima consorte do Duque, requerendo de boa vontade, cumprir o voto do seu Esposo, colocou reverentemente nesta urna, os despojos mortais do Coração do seu marido.”

Sem comentários:

Enviar um comentário