A BELA D'ERMESINDE
A BELA D'ERMESINDE
ALGUM PATRIMÓNIO
OS MOINHOS DO LEÇA
Sobre os moinhos do Leça e valendo-me do que li na edição da C. M. Valongo: “Ermesinde – Registos Monográficos”, passo a transcrever o que dizem os seus autores sobre o tema:
«Junto ao rio Leça, existiram outrora vários moinhos hidráulicos que moíam anualmente toneladas de grão. Houve um que conseguiu manter-se activo até aos nossos dias, mas outros estão em ruína acelerada.
Fizeram parte de uma idílica paisagem, de há meio século atrás, quando o rio, de águas, límpidas e refrescantes, com os seus moinhos em actividade e as margens, cobertas de arborização, fazia de Ermesinde uma estância balnear procurada pelos portuenses, e pelas populações mais próximas. O CPN tinha também no Rio, a sua piscina natural, que usava de forma regular para aprendizagem, treinos e até para provas. Os alunos do Colégio da Formiga vinham aqui, sob a apertada vigilância dos seus perfeitos, tomar banho. A população de Ermesinde, sobretudo a sua juventude, também para aqui convergia, nas noites de S. João e pela Passagem de Ano para tomar banho. O rio era ainda um ponto de encontro e de salutar entretenimento para os muitos pescadores que frequentemente aqui vinham pescar. Pode, em boa verdade afirmar-se, que Rio e população de Ermesinde, casavam bem, e sempre se entenderam ás mil maravilhas até que a poluição decretou o divórcio entre ambos.
Hoje, quando se notam alguns esforços para a sua despoluição (como é o caso, por exemplo, da ETAR de Ermesinde E Alfena), seria finalmente possível pensar seriamente na reabilitação do Rio e das suas margens. Era a única forma de devolver o Rio à cidade. Com um mínimo de imaginação e vontade, poder-se-ia — como há anos tivemos oportunidade de escrever — enriquecer, em termos paisagísticos, o que resta daquele espaço natural, ligando uma margem à outra com pequenas e elegantes pontes para peões. As margens deveriam ser ajardinadas, criando-se ali à beira rio, desde a Ponte da Travagem até à Ponte da Bela, um pequeno “oásis” de lazer.
Os moinhos deviam ser restaurados e um deles aproveitado para um pequeno museu ligado à produção do pão, desde o cultivo do milho até à sua moagem. Os outros poderiam ter outras utilizações de carácter social e cívico.
Relativamente aos moinhos, estivemos há alguns anos no Moinho do Abade. Com data de 1802, no lintel da porta (certamente referente a algum restauro ou ampliação), era o único ainda activo em Ermesinde. No Verão trabalhava a gasóleo, no Inverno, porque a corrente do Rio era mais forte, as suas mós, eram movidas a água. Quando o visitamos só trabalhavam seis mós, moíam cerca de 10 toneladas de grão (milho e centeio). Antigamente, disse-nos o seu último moleiro, o Sr. Joaquim Ferreira da Cruz, trabalhavam, só no Moinho do Abade, 29 mós – imagine-se a quantidade de grão que, então se moía
Só num moinho. Perto do Moinho do Abade, e a nascente dele, existe outro moinho — o do Panelas. Embora esteja inactivo, o edifício está mais ou menos conservado e podia ser preservado, tanto mais que, nas suas proximidades, existe um característico pontilhão de pedra que servia de passagem a pessoas e carros de bois para se deslocarem para os campos, ora carregando estrume, ora regressando cheio de erva ou cereais, ou simplesmente com alfaias agrícolas, depois de mais uma jornada de trabalho. Os moinhos e o rio são peças importantes da história do património de Ermesinde que deviam ser preservadas, em nome da identidade cultural e original desta terra, entre de Entre Douro e Minho».
O CASTELO
Da Bela, quem com atenção se acercar da margem do Leça, há-de ver na outra margem e ao cimo da Rua do Calvário, um pequeno castelo que muitas vezes perguntará por curiosidade:
Afinal que castelo é aquele?
O “Castelo” situa-se no ponto de intersecção da Rua do Calvário com a Rua dos Moinhos. Construção em pedra aparelhada e em termos de arquitectura é constituída, a nível do 1º andar, por duas guaritas avançadas de sentinela, pátio superior em granito, frestas para iluminação interior e rematada por ameias a toda a volta. Voltada a norte vê-se, ainda, uma inscrição com data da construção: — 1915, e com as letras M.V. referentes ao primitivo proprietário, cuja família era genericamente conhecida por Marques de Sousa. Num dos ângulos da fachada, virada a sul, foi incrustado um relógio de sol. Em 1972 este pequeno monumento passou para a posse dos actuais donos, que continuam a preserva-lo, para enriquecimento do património da arte popular da nossa cidade.
A PONTE DO ESPANHOL
Muitos recordarão também aquela típica ponte, a “Ponte do Espanhol”, assim chamada por ligar, sobre a Rua Miguel Bombarda, as duas quintas desse homem radicado em Ermesinde. Era um gracioso monumento de arte popular que constituiu um verdadeiro “ex-libris” da região de Entrelinhas, ali quase junto à linha do Douro, onde a Rua Miguel Bombarda agora está cortada.
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