quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A BELA D'ERMESINDE

 

A BELA D'ERMESINDE

 




ORIGENS DE ERMESINDE





 
 
 
AS ORIGENS DOS NOMES
S. LOURENÇO DE ASMES E ERMESINDE
     
      
    À volta da origem dos nomes, ou topónimos antigos, existem sempre algumas controvérsias e nunca se sabe ao certo quem tem razão. No entanto, depois de pesquisas feitas sobre o curioso assunto, trago aqui, não a solução, mas o que pude encontrar em diversas fontes, para que cada um interprete à sua maneira.
       
SÃO LOURENÇO DE ASMES
 
Sobre São Lourenço de Asmes, creio, pelo que podem ler mais adiante, que esta afirmação está coerente com a história do lugar.
       
   «No século XVII, São Lourenço de Asmes é uma paróquia perfeitamente definida. Recebe este nome, porque o padroeiro da zona do Asmes (afluente do Rio Leça) é São Lourenço.
   A zona de Asmes, são todos os campos agricultados e respectivos núcleos habitacionais de lavradores localizados entre o Asmes e o Leça.» 


 
ERMESINDE
 
Sobre a origem do nome “Ermesinde” ou “Caminho Forte”, terá sido o nome que os Suevos, quando por volta do século V ocupando território então romano, deram à via entre o Porto e Guimarães. (então a Travagem era mais Ermesinde que o centro, que só com a vinda do Caminho-de-ferro começou a ter notoriedade. Para ir a Guimarães não se passava em Ermesinde! Ainda hoje, a partir do Alto da Maia, para vir a Ermesinde tem que voltar à direita para quem vem do Porto).Como escreveram os autores de: “Ermesinde — Registos Monográficos”
       
    «Aceitando que este topónimo, deriva das palavras germânicas “Airmes” (que quer dizer: Erme) e que significa “forte”. E “Sinthes” (que quer dizer: zinde) e que significa caminho. De resto, parece-nos óbvia a existência de estradas ou caminhos a passar por terras, na ligação do Porto com a região nordestina do actual distrito, onde haveria diversas povoações, naturalmente umas mais importantes que outras.
   Ainda hoje a principal estrada entre o Porto e a “cidade-berço” passa por Ermesinde.»
      
   Os mesmos autores, ainda dão outra ideia ao escreverem que:
 
   «Ermesinde deriva do nome da abadessa do Mosteiro de Rio Tinto. Há, no entanto, quem afiance que a D. Ermezenda que dá nome a Ermesinde seja a D. Ermezenda Guterres, de finais do século IX, princípios do século X, que casou com o Conde Hermenegildo Guterres, a quem D. Afonso III (o Magno), Rei de Leão, incumbiu de governar as terras de Tuy, Porto e Coimbra.»
       
    É curiosa esta versão, sabendo que existe em Espanha um município com o nome de Hermisende, na província de Zamora e é uma comunidade autónoma de Castela e Leão. Tem uma área de 109.05 km e em 2004, tinha uma população de 383 habitantes. Pertenceu a Portugal até 1640, quando decidiu continuar a pertencer a Espanha, chamando-se na altura “Ermesende”. Neste concelho, situa-se um dos confortes do “Penedo dos três Reinos”, que outrora marcavam a fronteira entre os Reinos de Portugal, Leão e Galiza.
    Embora um pouco rebuscado e sem ter a intenção de criara mais polémica, podemos pensar que o tal Hermenegildo Guterres a quem D. Afonso III (Rei de Leão) incumbiu de governar terras de Tuy, pode ter dado o nome da esposa D. Ermezenda, ao povoado próximo da Galiza (em Zamora) que se chama hoje Ermesende.
 
 
A LENDA DA ORIGEM DO NOME “ERMESINDE”
(O ROUXINOL DA ERMIDA)
 
    «No lugar da Ermida, na margem esquerda do rio Leça, existiu há séculos um convento de frades, que além do amanho da terra para seu sustento e a moagem de farinha, com que abasteciam os conventos de Águas Santas e Santo Tirso, também se dedicavam a ensinar, entre outras disciplinas, música.
    Muito perto do convento, havia um casal que tinha uma filha de dezoito anos, muito bonita, inteligente e com muito jeito para o desenho.
    Também compunha poemas que cantava maravilhosamente. Cantava tão bem que lhe chamavam nas redondezas, o Rouxinol da Ermida.
    Recebeu ensinamentos dos mestres monges, especialmente música, aproveitando a linda voz que tinha. Cantava desde o amanhecer ás trindades, ouvindo-se a sua voz pelo vale e ladeiras do Leça.
    Mas um dia, deixou de se ouvir junto ao rio e pelas quebradas das serras, aquela voz que tinha o condão de magnetizar quem a escutava.
    Apaixonou-se pelo monge, seu professor de música, lutou contra o sofrimento de amar em silêncio. Um amor platónico que a fez perder o riso, a alegria e finalmente a voz.
    Um dia, seu pais estranhando a sua ausência, foram procura-la mas...já não assistiram ao seu último suspiro! Tinha nas mãos o esboço feito a carvão, do seu professor de música. Deixou ainda uma carta confessando o que sentia e a causa da sua morte. Foi grande o espanto dos monges, quando tomaram conhecimento da nobreza de sentimentos da menina. Com toda a pureza o Rouxinol da Ermida foi a enterrar. No convento dobraram os sinos e toda a gente do lugar chorou.
    Passaram meses e a vida decorria normal com os habitantes da aldeia, com seus hábitos, rituais e costumes. O único sinal de agitação era o monge músico, que percorria os mais estreitos carreiros e veredas daqueles sítios e a qualquer hora do dia ou da noite, cantando, cantando, fazendo-se ouvir na sua própria voz, que era afinal a mesma voz do Rouxinol da Ermida, causando estranheza nas gentes do lugar.Mas um dia... Também essa voz deixou de se ouvir, dando mais uma vez lugar ao luto. Foi o monge sineiro que ao dar as Ave-Marias viu que um vulto negro se encontrava estendido sobra uma campa. Desceu apressadamente as escadas da torre e foi deparar com o monge professor beijando a terra que cobria o corpo do Rouxinol da Ermida.
    A aldeia vestiu de luto e tristeza mais uma vez. Tal facto pôs em pânico os irmãos conventuais, que abandonaram aquela localidade, indo viver uns para o convento de Águas Santas e outros para Santo Tirso, deixando aquele lugar ainda mais solitário e triste.
    Sabe-se que os pais da menina a quem chamaram o “Rouxinol da Ermida” tiveram outra filha a quem puseram o nome de Ermida Ermesenda.»
        
     Presume-se assim, que advenha deste último, o nome actual de “Ermesinde”. Não há no entanto elementos, que possam afirmar se será esta a abadessa Dona Ermesenda que foi dona das terras da Maia e doutros lugares pertencentes hoje a Valongo. É esta a lenda que os mais antigos contavam, passando de geração em geração, para justificar o nome dado hoje à cidade de Ermesinde, outrora São Lourenço de Asmes.

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