quinta-feira, 14 de julho de 2016

DIVULGAÇÃO




LENDA DA BELA “A COBRA MOURA”
(OUTRA VERSÃO)

      
«Conta a lenda, que num tempo muito distante em que os sarracenos por cá andaram, vindos da região de Leão fugidos à reconquista cristã, uma lindíssima moura a que chamavam “A Bela”, cuja beleza enchia de inveja as mulheres do lugar, dando azo a desavenças sucessivas entre o povo, foi condenada à expulsão pela sua tribo, depois de ser transformada em serpente por uma bruxa de grandes poderes. Por essa altura noutro lugar, havia um pastor de ovelhas, um formoso rapaz, que todos os dias trazia o seu rebanho a pastar próximo à margem do rio Leça, sempre acompanhado do seu cão, que embora pequeno, impunha respeito às ovelhas enquanto o pastor dormia a sua sesta, à sombra de um frondoso eucalipto que ali existia, mesmo ao lado de um riacho de água cristalina, que servia de fonte às pessoas do lugar. Todas as tardes enquanto dormia, o pastor sonhava com uma bela mulher que o acordasse num longo beijo de amor. Enquanto isso, no mesmo momento e levada pela sede que o Sol da tarde fazia, uma serpente descia cautelosamente do enorme eucalipto onde vivia para beber na fonte. Era uma serpente de tamanho razoável e não fora a circunstância de ter cabelo na cabeça, o que assustou os poucos que a viram, nada de anormal teria acontecido. Consta que a serpente depois de saciar a sua sede, voltava ao seu esconderijo na copa do eucalipto, não sem antes passar por cima do pastor que dormia e sonhava sem se aperceber de tal facto. Aconteceu que um dia, o pastor acordou mesmo no momento em que a serpente passava por ele. Mais admirado que assustado, o valente pastor que viu nos olhos do réptil uma certa doçura que o comoveu, passou-lhe a mão pelo dorso acetinado e deixou-a seguir em paz o seu caminho. A partir desse dia, a serpente demorava mais um pouco junto ao pastor, sempre à espera do seu doce afago. Até que um dia, levado pelo ímpeto do seu sonho favorito, o pastor beijou a serpente imaginando beijar a mulher dos seus sonhos. Tudo que aconteceu naquele momento, foi o culminar de um desejo que despertou aqueles dois seres. O pastor do seu lindo sonho, a serpente do seu fatídico feitiço. Logo ali, num lampejo de magia, uma bela mulher de longos cabelos, pele morena e olhos negros, apareceu deitada ao lado do pastor que arrebatado pela paixão, logo a pediu em casamento entre juras de amor. Perante o júbilo ladrar do cão, em ver o seu dono mais feliz que nunca, o povo ocorreu àquele lugar testemunhando o edílico quadro de amor, à sombra do eucalipto e junto à fonte a que deram o nome de “Fonte dos Amores”. O Leça corria calmo no seu leito e nas terras de S. Lourenço de Asmes a que chamaram Bela, por entre a caruma e as folhas de eucalipto, via-se uma pele de serpente quase ressequida ao Sol.»


 


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