quarta-feira, 20 de abril de 2011

LUGAR DA BELA

MOINHO ABANDONADO JUNTO AO LEÇA

O RIO LEÇA NA LUGAR DA BELA


RIBEIRA DE ASMES
(NASCE NOS SONHOS E DESAGUA NO LEÇA)

ERA ASSIM, O LUGAR MAIS ALTO DA BELA



DE ASMES A ALFENA
COM JACINTO SOARES

      
No site do jornal “A Voz de Ermesinde”, postado por Álvaro Mendonça, encontrei para juntar a esta minha compilação de documentos sobre a Bela e Ermesinde, uma reportagem esplêndida e muito curiosa, sobre um dos muitos passeios culturais, que Jacinto Soares deu com seu caminhantes por estas terras e que passo a descrever o mais importante para este escrito:
       
       «Partindo como é habitual, do Fórum Cultural de Ermesinde, os caminhantes começaram por se dirigir, pela chamada “quelha do cemitério” (actual Travessa Cinco de Outubro), à zona do Passal que pertenceu à Igreja e onde, em tempos não muito distantes, funcionou a (GNR) e depois a Junta de Freguesia de Ermesinde, numa casa de sóbria traça, actualmente sem serventia (que tal a biblioteca de Ermesinde?). Dali vislumbra-se ainda o Colégio de Santa Justa que continua, desde a década de quarenta, do século passado, a exercer a sua prestimosa acção social e educativa no mesmo edifício que pertenceu à família Sá da Bandeira e que, a exemplo de numerosas famílias da burguesia, se instalou em Ermesinde (como é o caso daquele palacete maravilhoso junto à linha), considerada à época como a Sintra do Norte e onde existia um rico património arquitectónico que aos poucos, foi lamentavelmente desaparecendo. Isso mesmo recordou Jacinto Soares que dezenas de metros mais adiante, e já no lugar do Calvário, chamou à atenção para a existência de um campo de cultivo (junto à passagem de nível, na rua que vai para a Ponte pedonal ou Ponte verde como lhe chamam), que em tempos foi parque de jogos de basquetebol e andebol. Era o antigo Campo do Calvário no qual o CPN (antigo GPN – Grupo de Propaganda de Natação) realizava os seus jogos. Um pouco mais abaixo, o rio Leça servia de piscina natural aos atletas desta colectividade.             
         Atravessada a passagem pedonal sobre o tão decantado, como poluído Leça, e após uma pausa frente à Escola da Bela, que deve a sua criação a Alberto Dias Taborda e ao apoio da família Oliveira Pinto (Esta escola começou a ser construída em 20 de Maio de 1935, mas só 6 anos depois foi concluída, iniciando o seu 1º ano lectivo em 1941/42).
        (...) A Bela é hoje uma zona urbana com características modernas e muito atractivas e ainda com algumas zonas verdes remanescentes dos extensos pinheirais (e eucaliptos que deixavam um cheiro bom no ar) que ali existiram e onde, por volta dos anos 40 e 50, abundavam os poços negros, assim chamados devido ao carvão armazenado em cubatas com armações de lenha e caruma, como realçou Jacinto Soares.
         Era o conhecido carvão de choça que depois de transportado para a Feira do Carvão situada na Rua de Liceiras, no Porto, ali era vendido.    
         Curiosamente o nome Liceiras, como fez questão de sublinhar o professor, é uma corruptela de leceiras (palavra originária de Leça) e não do liço (derivado de linho) como defendem alguns investigadores.
         Segundo Jacinto Soares, a Bela pertencia à faixa carbónica que se estendia de Castelo de Paiva até à Póvoa de Varzim, passando pelo Pejão, S. Pedro da Cova, Alto da Serra de Valongo, no antigo lugar da Ribeira, onde existiam duas minas de carvão e seguia por Folgosa. Nesta faixa carbónica abriram-se durante muitos anos, e a partir do século XIX, poços para prospecção de carvão. Um deles, que permaneceu aberto, situava-se no monte da Bela e por isso ficaria a chamar-se Poço da Bela.
       Essas aberturas eram popularmente conhecidas por poços negros e foi para perpetuar a ligação do povo à história, que Jacinto Soares, num período em que foi vereador da Câmara de Valongo, propôs o topónimo Poço Negro para a rua ali existente. 
        Mas onde se explorava mais carvão, como recordou aquele estudioso, era no lugar da Ribeira (Formiga) e em Baguim. Tratava-se afinal de um carvão pobre que depois de misturado com água e seco nas eiras, dava lugar a um bolo vulgarmente conhecido por “sarrisca” muito usado nos fogões de barro utilizados pelos lavradores quando cozinhavam aos domingos.
         Curiosa é também a ligação ao teatro das populações da Bela como relatou o Prof., ao lembrar que ali existiu entre os anos 40 e 50, uma das maiores associações de teatro que realizava as suas actuações num recinto ao ar livre. Foi tempo dos “Patriotas de Vilar”, que aqui se evocam.
         (Sobre o tema teatro, aproveito para lembrar que muitos moradores do lugar da Bela e Monforte, com: José Afonso, Carlos Silva, Carolina Gonçalves e outros, foram protagonistas de uma peça, [que veio a ser censurada pela PIDE] ensaiada por Leopoldino Serrão e exibida nos Bombeiros).»


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