A FONTE DOS AMORES, JUNTO DO EUCALIPTO
BELA OU VELA?
CONTINUAÇÃO…
Logo em 28 de Junho de 1689, não tendo querido aparecer a abadessa do convento de S. Bento do Porto, efectuava-se a divisão dos limites de Alfena com Valongo.
Que passo a transcrever:
«...E logo elles louuados na mesma forma atrás foram medindo pela deuisam de entre as freiguesias direito p.a o nascente sempre augas vertentes athe o alto da serra da bella junto adomde se pome a uela e ahi disseram elles louuados era nesesario leuantar outro marco o coal elle juis do Tombo mandou leuantar e lansar pregam na forma dos mais e fiqua de distancia do outro a este seis sentas e seis uaras.
E logo elles louuados foram medindo na mesma forma atrás pela diuizam de entre freiguezias athe domde chamão a eira de ségu junto à estrada e ahi disseram os louuados era nesesario outro marco o coal elle juis do Tombo mandou leuantar...»
Eis a tradução, dentro do meu parco entendimento:
«E logo os louvados na mesma forma atrás, foram medindo pela divisão de entre Freguesias, direito para a nascente (que suponho ser aquela a que chamam “Reguinho” e que se encontra por trás da sede da U.D.C.R. da Bela e depois totalmente encanado, desagua no Leça junto à “Fonte dos Amores), sempre de águas vertentes até ao alto (que penso ser a Rua do Bom Samaritano) da serra da Bela, junto aonde se põe a vela (acto de velar, vigilância, sentinela) e ali disseram eles os louvados que era necessário levantar outro marco o qual ele o juiz do Tombo mandou levantar e lançar pregão da mesma forma das mais atrás e ficou à distancia do outro a este de seiscentas e seis varas.
E logo os louvados foram medindo da mesma forma atrás, pela divisão entre freguesias, até onde chamam a eira do cego (lugar antigo onde viviam alguns cegos e pedintes muito conhecidos no lugar), junto à estrada e aí disseram os louvados, era necessário outro marco, o qual ele o juiz do Tombo, mandou levantar».
Ainda citando os mesmos autores, pode-se ler na página 24 da mesma monografia o seguinte:
«Ainda no mesmo Tombo aparecem citados o outeiro “da uela” (f.37 na estrema com Ermesinde e a “serra da bella” (f.38 v) na estrema com Valongo: trata-se de postos nomeadamente medievais destinados a vigiar (velar) como se vê das expressões da época como:
“Coto de vigia” em 1258
“villa por ser bem gardada, vellada [...] uellar roldar a dita cerqua” em 1372
“seiam escusados de vela e de finta e de talha” em 1322
“enviassem certos homens cada semana a velar ao monte de S. Gens” no século XV e “maneira que asy hade teer em vellar de noute foguo e de dia fumaças”.
Todos estes elementos, de valor histórico desigual quanto à importância do conteúdo e à época a que se reportam, não deixam de fornecer indícios cronológicos de interesse.»
Ora como se pode ler, “uela ou uellar”, significa: Vela ou Velar.
E “vellar de noute foguo e dia fumaças” quererá dizer: Velar de noite fogo e de dia fumaça”.
Pode-se entender que eram postos de vigia, onde se vigiava o fogo nos montes para que não ardessem.
Então será que este lugar a que chamamos “Bela” seria ”Vela” que depois se aglutinou?
E que serra da Bella será aquela que fica no estremo de Valongo?
Ficam as perguntas para quem souber, que o meu saber é pouco.
Fonte: Alfena – aterra e o seu povo
ACTUAL FONTE - C.M.V. 1966
A NASCENTE AINDA EXISTE JUNTO AO LEÇA
A FONTE DOS AMORES
A FONTE DOS AMORES
Conforme a descrevem os autores de: Ermesinde – Registos Monográficos
«A Fonte dos Amores, fazia há quatro décadas, o regalo dos moradores e de quantos ali acorriam, ao idílico e pitoresco Lugar da Bela.
Ali, o precioso e puríssimo líquido jorrava e corria a esmo pela vertente da pequena encosta, entre ervas e flores naturais, até desaparecer no Leça.
Em Agosto de 1953, a Junta da Freguesia declarou a insalubridade das suas águas, deliberando proceder ao seu arranjo.
Hoje desapareceu, vítima do progresso que, infelizmente, obriga a estas perdas irreparáveis que só não se perdem de todo porque ficaram registadas nas retinas de alguns olhos saudosos do passado, e se reavivam através de fotos que preservam essas imagens para a posteridade.
É o caso desta encantadora “Fonte dos Amores”, focada pela nossa objectiva há muitos anos (foto da capa), que podem mostrar todo o sortilégio e bucolismo que a rodeava, envolta pela ramagem verdejante e pelos ares puros e sadios, oxigenados pelo frondoso arvoredo e, principalmente, pelos eucaliptos e pinheiros que ali se erguiam e davam sombra e beleza ao local, que deu azo a tantas histórias, a lendas, a sonhos e até desvarios.»
N/A: Existe hoje no mesmo lugar, uma fonte, a que chamam a Fonte dos Amores, mas que não é, pois a verdadeira há muito desapareceu. Pode-se ler no local: “C. M. V. 1966” e ainda, “Água imprópria para consumo.”
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